Maria Do Carmo Gautério
É professora,
É professora,
aposentada da rede estadual,
mora perto da gente,
é ser humano,
entende nossa sociedade, no mundo e no entorno,
militante desde a infância,
comprometida com um mundo melhor e mais justo !
Seu texto sobre violencia na educação :
http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=27¬icia=64595
O X da violência
Profª Maria do Carmo Gauterio
Está posto na mídia o debate sobre a violência na Escola, com ênfase muito grande nas agressões sofridas por professoras e professores no desempenho de suas funções educativas.
O tema gera extremadas manifestações de apoio aos mestres e repúdio veemente aos estudantes agressores.
São discutidas causas – a “desestruturação familiar” é a mais “votada” entre os debatedores – e, na outra ponta, punições – como punir com eficácia para que cesse a manifestação destas ações violentas.
Esse é o "X" que se impõe.
Pertinente o debate. Mas reduzido. Recheado de muitas certezas e poucos questionamentos. Muitas respostas, poucas perguntas. Por isso, há que se ampliar a perspectiva com algumas indagações que favoreçam a reflexão e aumentem as possibilidades de superação coletiva desse grave conflito social.
A primeira questão, plena de desdobramentos, pode ser: a única ou a maior agressão às professoras e professores vem dos estudantes? Não são agressões (com risco de morte) os salários aviltantes que os obrigam a trabalhar 60 horas semanais (e a perder a paciência e a saúde) em diferentes e, às vezes, distantes escolas, para manter os compromissos existenciais?
Mas muitas outras podem ser formuladas:- Só os mestres são agredidos? Os estudantes, os menores, as mulheres, os mais fracos, os mais pobres, não?- A violência está na escola ou na sociedade em seu todo?- Escolas podem ser ilhas e não refletir a sociedade que as gera e mantêm?- É “amiga da escola” uma poderosa rede de mídia eletrônica que, em seu canal aberto de TV, mantém uma programação infanto-juvenil que cultua a competição, o mercado, o consumo, a lei do mais forte e, consequentemente, a violência?- Nas entrelinhas dos currículos escolares também não são cultuados estes valores?- A violência simbólica (e nem tão simbólica assim) do adulto sobre a criança, que perpassa as relações familiares e escolares, é debatida e combatida coletivamente no espaço escolar por todos os segmentos da comunidade?- Os estudantes e suas famílias participam da construção das normas de convivência da escola que frequentam? - Os trabalhadores e trabalhadoras em educação têm a garantia (por parte de suas mantenedoras) de espaços e tempos para reunir e aprender, reunir e refletir, reunir e reformular suas práticas pedagógicas?- Há coerência entre a prática e o discurso de todos aqueles que se manifestam contra a violência?
Pensamos em dizer às nossas crianças e jovens que melhor do que cumprir a ordem estabelecida é participar da construção de uma nova ordem, democrática e justa?- Precisamos buscar a punição certa? Ou encontrar a melhor forma de reeducar... a todos?
Dependendo das respostas dadas a cada uma destas indagações e a tantas outras possíveis de formular, seremos cúmplices, ou não, das agressões sofridas cotidianamente por quem quer que seja.
Seremos construtores, ou não, de uma cidadania que signifique “olhar o outro sem subserviência, mas também sem prepotência.”
Porque, ou nos tornamos capazes de prevenir as manifestações violentas com justiça social, práticas democráticas de convivência, de respeito às diferenças, e com uma escola pública qualificada para a instauração de um projeto político-pedagógico que contemple esta concepção de mundo, ou não encontraremos brechas para interromper o ciclo perverso da violência.
mora perto da gente,
é ser humano,
entende nossa sociedade, no mundo e no entorno,
militante desde a infância,
comprometida com um mundo melhor e mais justo !
Seu texto sobre violencia na educação :
http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=27¬icia=64595
O X da violência
Profª Maria do Carmo Gauterio
Está posto na mídia o debate sobre a violência na Escola, com ênfase muito grande nas agressões sofridas por professoras e professores no desempenho de suas funções educativas.
O tema gera extremadas manifestações de apoio aos mestres e repúdio veemente aos estudantes agressores.
São discutidas causas – a “desestruturação familiar” é a mais “votada” entre os debatedores – e, na outra ponta, punições – como punir com eficácia para que cesse a manifestação destas ações violentas.
Esse é o "X" que se impõe.
Pertinente o debate. Mas reduzido. Recheado de muitas certezas e poucos questionamentos. Muitas respostas, poucas perguntas. Por isso, há que se ampliar a perspectiva com algumas indagações que favoreçam a reflexão e aumentem as possibilidades de superação coletiva desse grave conflito social.
A primeira questão, plena de desdobramentos, pode ser: a única ou a maior agressão às professoras e professores vem dos estudantes? Não são agressões (com risco de morte) os salários aviltantes que os obrigam a trabalhar 60 horas semanais (e a perder a paciência e a saúde) em diferentes e, às vezes, distantes escolas, para manter os compromissos existenciais?
Mas muitas outras podem ser formuladas:- Só os mestres são agredidos? Os estudantes, os menores, as mulheres, os mais fracos, os mais pobres, não?- A violência está na escola ou na sociedade em seu todo?- Escolas podem ser ilhas e não refletir a sociedade que as gera e mantêm?- É “amiga da escola” uma poderosa rede de mídia eletrônica que, em seu canal aberto de TV, mantém uma programação infanto-juvenil que cultua a competição, o mercado, o consumo, a lei do mais forte e, consequentemente, a violência?- Nas entrelinhas dos currículos escolares também não são cultuados estes valores?- A violência simbólica (e nem tão simbólica assim) do adulto sobre a criança, que perpassa as relações familiares e escolares, é debatida e combatida coletivamente no espaço escolar por todos os segmentos da comunidade?- Os estudantes e suas famílias participam da construção das normas de convivência da escola que frequentam? - Os trabalhadores e trabalhadoras em educação têm a garantia (por parte de suas mantenedoras) de espaços e tempos para reunir e aprender, reunir e refletir, reunir e reformular suas práticas pedagógicas?- Há coerência entre a prática e o discurso de todos aqueles que se manifestam contra a violência?
Pensamos em dizer às nossas crianças e jovens que melhor do que cumprir a ordem estabelecida é participar da construção de uma nova ordem, democrática e justa?- Precisamos buscar a punição certa? Ou encontrar a melhor forma de reeducar... a todos?
Dependendo das respostas dadas a cada uma destas indagações e a tantas outras possíveis de formular, seremos cúmplices, ou não, das agressões sofridas cotidianamente por quem quer que seja.
Seremos construtores, ou não, de uma cidadania que signifique “olhar o outro sem subserviência, mas também sem prepotência.”
Porque, ou nos tornamos capazes de prevenir as manifestações violentas com justiça social, práticas democráticas de convivência, de respeito às diferenças, e com uma escola pública qualificada para a instauração de um projeto político-pedagógico que contemple esta concepção de mundo, ou não encontraremos brechas para interromper o ciclo perverso da violência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário