Diário de Classe Prof. Enilson

"Nâo tenho respostas, mas são diversas as perguntas... questiono, porque me é de direito, e obrigação comigo mesmo... Atuo, pois não sou covarde, não tenho medo de errar... o meu medo é de não fazer, e por isso SOU INCÔMODO... Se estou certo, ou você, só será justo o julgamento, quando ja passadas forem as gerações, que não possam tão intensamente sofrer efeitos de nossas decisões..."

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Greve Geral - Boaventura de Souza Santos

clairton s. lopes clairtonlopes68@ig.com.br para mim
mostrar detalhes 15:02 (10 horas atrás)
Boaventura de Souza Santos, intelectual contemporâneo que se destaca a nível mundial, nas Ciências Sociais, com contribuições atuais com garantia de tornar-se clássico a ser lido não nas melhores Universidades Européias, como por aqueles países como Brasil, que tem muita produção nas Ciências Sociais, destaques que quando atuam no campo da organização da cultura, debate de implementação de políticas públicas, na teoria e produção de conhecimentos sociológico, antropológico e teoria sócio-política, não conseguem afirmação por ter sua produção nascido e morrido como exercício intelectual intra-muros da Academia. Belas soluções inaudíveis, pois seu alcance médio não ultrapassou os dos seus pares, perfeitos na solução fruto de divagações filosóficas sem verdadeira leitura local e com uma razão sensível ao contexto brasileiro, como lemos e escutamos Fernando Henrique Cardoso, pedir que esquecessem o que escreveu. Ainda bem, que Florestan Fernandes ainda em vida reconheceu não o reconhecendo como o Teórico do capitalismo dependente, pois sua atuação política era a de criou maior dependência, com os novos personagens em cena que agora eram as agências multilaterais que continuam lideradas pela burguesia internacional, composta pelos gestores das empresas multinacionais e pelos dirigentes das instituições financeiras internacionais, com outras rubricas, mesma face, mesmo modelo de “globalização”. Boaventura Santos era o grande orgulho de parceria intelectual, época que o atual Secretário era da equipe da secretaria de educação de Porto Alegre. Pena que não passou de admiração, porque Boaventura de Souza Santos continua orgânico e comprometido com A GREVE GERAL DE PORTUGAL, e como veremos em seu belo artigo o Secretário da Educação do RS Clóvis Azevedo, para ele passou a ser um inimigo de classe.


A Greve Geral Boaventura de Souza Santos
17 Novembro 2011
A Greve Geral
As greves gerais foram comuns na Europa e nos EUA no final do
século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Suscitaram grandes
debates no interior do movimento operário e dos partidos e movimentos
revolucionários (anarquistas, comunistas, socialistas). Discutia-se a
importância da greve geral nas lutas sociais e políticas, as condições para o
seu êxito, o papel das forças políticas na sua organização. Rosa
Luxemburgo (1871-1919) foi uma das mais destacadas presenças nesses
debates. A greve geral – que nunca deixou de estar presente na América
Latina e ressurgiu com força na Primavera do Norte de África – está de
volta na Europa (Grécia, Itália, Espanha e Portugal) e nos EUA. A cidade
de Oakland, na Califórnia, que ficara conhecida pela greve geral de 1946,
voltou a recorrer a ela no passado dia 2 de Novembro e, na primavera deste
ano, os sindicatos do estado de Wisconsin aprovaram a greve geral no
momento em que a cidade de Madison se preparava para ocupar o edifício
do parlamento estadual – o que fez com pleno êxito – em luta contra o
Governador e a sua proposta de neutralizar os sindicatos, eliminando a
negociação colectiva na função pública. Qual o significado deste regresso?
Sendo certo que a história não se repete, que paralelismos se podem fazer
com condições e lutas sociais do passado?
De âmbitos diferentes (comunidade, cidade, região, país), a greve
geral foi sempre uma manifestação de resistência contra uma condição
gravosa e injusta de carácter geral, ou seja, uma condição susceptível de
afectar os trabalhadores, as classes populares ou até a sociedade no seu
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conjunto, mesmo se alguns sectores sociais ou profissionais fossem mais
directamente visados por ela. Limitações dos direitos cívicos e políticos,
repressão violenta do protesto social, derrotas sindicais no domínio da
protecção social e deslocalizações de empresas com impacto directo na
vida das comunidades, decisões políticas contra o interesse nacional ou
regional (“traições parlamentares” como a opção pela guerra ou pelo
militarismo), estas foram algumas das condições que no passado levaram à
decisão pela greve geral. No início do século XXI vivemos um tempo
diferente e as condições gravosas e injustas concretas não são as mesmas
do passado. No entanto, ao nível das lógicas sociais que lhes presidiram há
paralelismos perturbadores que fluem nos subterrâneos da movimentação
para a greve geral do próximo dia 24 de Novembro em Portugal. Ontem,
foi a luta por direitos de que as classes populares se consideravam
injustamente privadas; hoje, é a luta contra a perda injusta de direitos por
que tantas gerações de trabalhadores lutaram e que pareciam ser uma
conquista irreversível. Ontem, foi a luta pela partilha mais equitativa da
riqueza nacional que o capital e o trabalho geravam; hoje, é a luta contra
uma partilha cada vez mais desigual da riqueza (salários e pensões
confiscados, horários e ritmos de trabalho aumentados; tributação e
resgates financeiros a favor dos ricos – o “1%”, segundo os ocupantes de
Wall Street – e um quotidiano de angústia e de insegurança, de colapso das
expectativas, de perda da dignidade e da esperança para os “99%”). Ontem,
foi a luta por uma democracia que representasse o interesse das maiorias
sem voz; hoje, é a luta por uma democracia que, depois de parcialmente
conquistada, foi esventrada pela corrupção, pela mediocridade e
pusilanimidade dos dirigentes e pela tecnocracia em representação do
capital financeiro a quem sempre serviu. Ontem, foi a luta por alternativas
(socialismo) que as classes dirigentes reconheciam existir e por isso
reprimiam brutalmente quem as defendesse; hoje, é a luta contra o senso
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comum neoliberal, massivamente reproduzido pelos media subservientes,
de que não há alternativa ao empobrecimento das maiorias e ao
esvaziamento das opções democráticas.
Em geral, podemos dizer que a greve geral na Europa de hoje é mais
defensiva que ofensiva, visa menos promover um avanço civilizacional do
que impedir um retrocesso civilizacional. É por isso que ela deixa de ser
uma questão dos trabalhadores no seu conjunto para ser uma questão dos
cidadãos empobrecidos no seu conjunto, tanto dos que trabalham como dos
que não encontram trabalho, como ainda dos que trabalharam a vida inteira
e vêem hoje as suas pensões ameaçadas. Na rua, a única esfera pública por
enquanto não ocupada pelos interesses financeiros, manifestam-se cidadãos
que nunca se participaram em sindicatos ou movimentos nem imaginaram
manifestar-se a favor de causas alheias. De repente, as causas alheias são
próprias.

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